Pensamento

"Onde quer que o homem vá , verá somente a beleza que levar dentro do seu coração" . Ralph W Emerson

sábado, 30 de janeiro de 2010

Nossas Águas e Emoções - Prazer, alegria, dor


 

Brisa morna que envolve o corpo e o deixa a desejar entrar pelo mar adentro se refrescando do calor do dia. O suor escorre pelo rosto enquanto o sol se põe lá no horizonte, por trás das montanhas de pedra e o adeus temporário é permitido enquanto caminho sem rumo.
Relâmpagos cruzam o céu anunciando um espetáculo, trovoadas retumbam forte no ar como fogos de artifício e pingos de chuva caem aqui e ali umedecendo minha pele suada. Fecho os olhos na caminhada para sentir o prazer da água gelada no meu corpo, chuva, lágrimas do céu, que venha me lavar o corpo e limpar minh'alma! Ergo os braços, como se abençoando e agradecendo aos céus por mais essa força da natureza que desce sobre mim e me inunda a alma de prazer.

As roupas colam à pele, me sinto nua  diante da transparência visual, a pele se arrepiando com o frescor, me excita o contato e me recordo de músicas que falam da chuva, das danças dos índios para que a chuva viesse até eles, da simpatia das lavadeiras que jogavam um pedaço de sabão no telhado, das enchentes que inundavam ruas e bairros, do mar bravio nas tempestades, do aconchego de uma casa enquanto a chuva bate forte no vidro da janela...
A natureza é um grande mestre para quem a observa e apreende com ela e com certeza se rende a ela. Nosso planeta é um planeta de água, rios, lagos, oceanos se misturam à terra criando desenhos, fertilizando , cultivando e formando mares por onde se navega a esperança. Sem água se morre, seca, nada cresce, tudo se perde. Somos seres de água, nossas células precisam dos líquidos corporais para se reproduzirem e se alimentarem.
A água é condutora, é meio de sobrevivência, é fonte de nutrição e crescimento, é símbolo da fluidez, da emoção, do sentir. É  dela que temos sede, sede de vida, sede de sentir a vida fluindo em nosso ser.
As cachoeiras nos lembram as tristezas das lágrimas aos borbotões que em algum momento transbordaram de nossa alma doída.
 Os córregos entre os pastos nos trazem a lembrança dos caminhos tortuosos que encontramos pela vida e aos quais nos adequamos diante das pedras que se traduzem em empecilhos. Os pântanos com suas águas mortas, estancadas traduzem nossas mágoas que se fincam entre as raízes e se tornam lodo nos imobilizando e nos acomodando às dores do passado.
A neve se põe leve e branca , cobrindo a paisagem tirando de nós o arco-íris das cores e nos faz compreender a necessidade de nos render e sermos flexíveis em tempos adversos, quando não podemos nos erguer e nos confrontar.
Os grandes rios com suas correntezas nos mostram nossa capacidade de navegar por entre margens, nos dão limites e a necessidade de seguir caminhos sem volta a partir das nossas opções, são tarefas que devemos ir até o fim
Os lagos nos transmitem a placidez da calma, nossos momentos de reflexão quando a parada é necessária, quando nos vemos cercados e precisamos olhar dentro de nós e nos sentir protegidos pela mãe terra.
  As fontes de água límpida  trazem à luz nossa pureza de espírito, nossa translucidez com as percepções e intuições, a consciência do ser inocente. As ilhas em meio aos mares nos traduzem nossa capacidade de sobrevivência, nossa solidão que nos resgata o Eu e nos faz fortes, capazes de nos nutrir.
Os oceanos nos passam a infinitude do horizonte, nossos sonhos, a  profundidade de nosso Eu Interior, nosso inconsciente, o que jaz no fundo do mar, nossos fantasmas, nossos dragões acorrentados às âncoras dos naufrágios emocionais, nossas tragédias, de onde resgatamos o "pra sempre" do que foi e do que virá.
Água santa, água benta, água cristalina, água-viva, água caliente, água mineral, águ-ardente, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Água-Vida.
Que deixemos fluir nossas emoções, que nos deixamos conduzir pelos rios da vida, que sejamos uma ilha e nos demos o prazer de formas arquipélagos e no futuro sermos um continente, que é nossa origem maior.
Um beijo molhado.
Sandra H. Gonçalves
02 / 11 / 2003
 


4 comentários:

  1. Adorei este texto..Água-vida, água-mãe...Água que refresca, que alimenta e que abênçoa!
    Senti-me refrescada!!
    Um beijo
    Graça

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  2. Nossa!
    E eu que vim morar à beira mar, nem sabia o por que.

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  3. Mto singela a maneira q vc descreve a natureza. Eh impressionante o q acontece comigo, como jah te disse anteriormente, eu tenho transtorno bipolar e, qndo estou em depressaum, tudo me parece horrivel, sem sentido, passo pelas maravilhas de Deus com tamanha indiferenca, como se akilo fosse nada ou, na pior das hipoteses, lixo.
    Qndo estou euforico, eh completamente o oposto, consigo sentir tudo, ter sensibilidade em tudo, em tocar uma flor, em sentir a neve escorregadia sob meus pes e tudo parece taum lindo, taum magnifico, as vzs tenho a impressaum q a euforia me aproxima mais de Deus, embora tenha consciencia q na maioria das vzs ela traga consequencias desastrosas.
    Gostaria de poder me sentir assim, como uma dadiva de Deus, apreciar as maravilhas de Deus pra sempre, mas sinto tanto medo Sa, tanto medo, pq estou perdendo a visaum... =/
    Te adoro anjo.

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  4. San, o lesado aki esqueceu de te avisar q tem varios presentes pra ti no Memorial:

    http://celamemorial.blogspot.com

    Espero q goste, tem um exclusivo lah pra vc.

    Bjos

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