Pensamento

"Onde quer que o homem vá , verá somente a beleza que levar dentro do seu coração" . Ralph W Emerson

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Louco - Fuga da Realidade ou Falta de Consciência?


A carta do Tarot de número 0 (zero) - O Louco, representa simbolicamente na maioria dos baralhos, o arquétipo de uma criança pura, a essência do homem diante da jornada da sua vida. Este estado  lembra o de uma pessoa levitando, ainda fora de contato com as experiências da vida, pode-se falar do espírito ainda não encarnado totalmente, não ciente de sua sina. É o bêbado na sua alterada e fantasiosa consciência, aquele ator que se dispõe do seu ego e  encarna os personagens, se acredita apenas um ser etéreo vestindo roupagens e vendendo ilusões,  e também é o equilibrista, na sua habilidade em passear pela linha no picadeiro, praticar esportes radicais e estar a um passo da morte, sem em nenhum momento se dar conta disso, é o palhaço que faz rir a criançada que existe dentro de cada um de nós, com suas piruetas e caras e bocas na sua simplicidade de mendigo bem humorado, mesmo que por trás da maquiagem exista alguém ainda  sem identidade.
O Louco é o nosso ASC no Mapa Astrológico, nossa partida no caminho do crescimento e aprendizado, em busca da consciência de quem ele é, de verdade. Um viajante,  aventureiro sem rumo, a fazer malabarismo nos cruzamentos, a lavar carros nos estacionamentos, mas um bom artista mambembe que leva sua trupe pelas cidades do interior, perseguindo suas ilusões de menino abandonado. O tempo fará do Louco um "Bobo da Corte", aquele que descobre precisar de máscaras e várias histórias para contar para cada gente diferente que ele vá encontrando pela estrada.

Existe um caminho à frente onde o Louco irá vivenciar as experiências de cada arquétipo e no seu dia a dia ele incorporar´aquilo que cada experiência e pessoa que cruza seu caminho lhe soma, faz com que ele se conheça a partir das reações que terá e como absorverá o ensinamento e a consciência de si mesmo diante do outro. Ele é um buscador, ele  encontrará encruzilhadas, obstáculos a contornar, inimigos tentarão lhe interromper sua busca,  mas  seu Eu Interior é seu guia, sua consciência, sua razão e percepção da sua capacidade de seguir adiante. Nesse caminho, que cada um de nós faz, fazemos escolhas que somente no futuro adiante poderemos avaliar, por isso é necessário aceitar os erros e suas consequências, usar do conhecimento adquirido, aquele do observador da vida, e usufruir do que a vida nos oferta a cada instante.
Parece "pobre" encontrar felicidade nas pequenas coisas, a ostentação é máscara do pobre menino rico, carente de amor e atenção, aquele que se enxerga  mendigo vestido com as roupas do Rei.
A loucura, a embriaguez, as drogas, são bifurcações  que optamos quando o caos  preenche e a fuga parece o melhor remédio. Qualquer coisa que cultivamos dentro de nós que nos cause dor, é o nosso limite, é quando não somos mais máscaras, somos alguém que cansou de se esconder. A dor, seja ela de qualquer origem, [e um pedido de socorro mudo, mas que numa curva nós vamos ter que encarar o estouro da boiada. Ou você se dopa, se mata, ou corre e se cura, essa é uma decisão íntima e pessoal, ou você decide a seu favor ou contra você, como diz a frase "Não deixe que nada te desanime, pois até mesmo um pé na bunda te empurra pra frente."
Vai doer, tem sacrifício, você tem que se convencer do que é melhor pra você, por vezes existem umas ajudinhas, alguns GRANDES MOTIVOS  que nos movem a mudar. Cada passo no caminho, existe uma clara visão da sua presença na vida, ali de pé, frente a você mesmo. Enfim você se encontrou e se comprometeu a viver livre de todos os medos que  te impediam de voar, mesmo que seja na mente de um homem digno da vida que ganhou.
Vamos, venha, me dê sua mão, vamos contar histórias, ganhar o mundo e continuar ensinando aos outros que tudo pode ser bem maior do que você enxerga, basta ver para que faça parte de seu mundo interior e, este se refletirá por onde você passa.

sábado, 17 de outubro de 2009

Um desejo...



"Que o caminho seja brando a teus pés.
Que o vento sopre leve em teus ombros.
Que o sol brilhe cálido sobre tua face.
Que as chuvas caiam serenas em teus campos.
E, até que de novo eu te veja, que Deus te guarde na palma da mão. "

Bênção Irlandesa
 Bom fim de semana.
Beijos


terça-feira, 13 de outubro de 2009

Diante do Nada, Existe o Meu Mundo Interior


Pensava eu como um insignificante grão de areia durante aquelas crises devastadoras que arrancava de mim tudo o que possuía como verdade e nua num deserto eu ficava. Um enorme vazio, um gosto amargo na boca e uma enorme estagnação emocional pelo choque.  Talvez seja minha Lua em Terra - Capricórnio, que a princípio congela, estanca a dor, afastando-a, colocando-a de lado, talvez junto venha minha Vênus pisciana que tende a levar longe essa agonia do sentir e dura o tempo que precisar até se extinguir.


O deserto é um bálsamo para aqueles que sofrem com o orgulho, o silêncio que sopra o que negamos ouvir no turbilhão do cotidiano, os que se protegem em torres por trás de muros altos, vozes autoritárias, rigidez e uma fortaleza aparente, digo aparente, pois ela existe como uma armadura de um cavaleiro romântico. Ao se despir a alma solitária é aquela seguida por sua eterna cúmplice, sua sombra. Uma realidade versada numa dupla cobrança dos erros e de onde houveram falhas que a puseram a vagar pelo imenso deserto. Nessa vastidão  existe uma beleza única, um movimento natural das dunas que se movem ao sabor do vento e em harmonia com a lua do sol. Ali nossas pegadas são passageiras, nada ali existe para sempre, tudo mutável, tudo passível da desordem emocional.
Por algum tempo serão as faltas a reclamarem no seu corpo, depois serão as noites, eterna escuridão, a criar fantasmas, a imaginar oásis, mas o Sol - o Deus Hélio, traz consigo a verdade com sua luz, e em algum momento sou um simples grão de areia nesse imenso universo de iguais, porém, à medida que me ajoelho e me deito nesse chão, meu corpo percebe seus contornos, a pele macia a ser acariciada pela brisa, como se fossem véus a me cobrir a pureza da alma. Eu me volto sobre meus próprios pés descalços e me dou conta de quem sou diante do nada metafórico, se foram pedaços de mim, cá dentro de mim, existe um oásis, meu mundo interior.

Dentro de mim sou nascente, botão em flor, desejo, ânsia, espírito que cresce, que jamais desiste de "morrer" à mingua,  diante da maldade humana, no confronto com a mesquinhês e a ganância daqueles  fracos e carentes de dignidade. Hoje, a dimensão que tenho de minha pessoa é menor do que há 30 anos, quando eu erguia o queixo e nos meus saltos 10, abusava da onipotência como espada. Usei do amor como curativo nas minhas feridas, cultivo meu oásis em pleno deserto e não deixo que contaminem minha nascente de águas transparentes. Sou minha verdade doa a quem doer, minha dignidade está em continuar sendo quem construí de mim, continua a cultivar flores pelo caminho, para nunca esquecer de que ainda posso ser exemplo do bem.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Da Escuridão em Busca da Luz


O Rio da vida carrega a gente  através da força de suas correntes, esse mundo que nos mantém vivos, nos alimenta, é um caminho obscuro quando no leme existe alguém sem ideais, crenças, somente a lua a guiar-lhe  à frente através das sombras e canais  e bancos de areia. O "leme" do homem é  não é sua razão, a mão que decide, que comando milhares de seguidores, é sim, sua capacidade perceptiva, que na falta da "luz" da consciência, essa mão se torna cega, radical e obsoleta, sobrando ao homem captar os sinais da natureza a dizer-lhe o caminho até onde deve chegar.


Dias e noites aquele homem segue em frente, enfrenta tempestades, descobre novas terras, mas pouco percebe de si mesmo no comando de sua vida. Nega a possibilidade de novas descobertas, se retrai diante da própria  evolução, diante do medo, ele trafega por  fortes correntezas e pode talvez naufragar na sua ignorância. Lutando nas águas geladas  em redemoinhos, o homem se debate furiosamente lutando para sobreviver, mesmo que  segundos antes nem atentava à presença da "morte" a lhe rondar cegando-o sobre sua verdade.

Diante do desafio da vida, a maioria de nós "se salva", seja por instinto marciano, seja pelo poder de criar a o limiar vida-morte, aquele conhecido túnel de passagem, bem conhecido pelos que lá chegaram e retornaram. Há sempre escolhas neste momento, mas aqui neste umbral fictício, você, fora do corpo, desconectado do timão de Plutão, podemos mais levitar pelas brumas  de Netuno, rodando por entre os corpos moribundos. Diante da morte certa, em confronto com a ameaça do fim, nossa alma vaguea de volta ao corpo, carcumido  pela dor, pelas perdas de infinitos momentos desprezados pela ansiedade da corrida competitiva do ter e não ser nada.
Diante daquele corpo jogado aos vermes, a plena consciência de sua essência  sabe-se eterna, talvez ainda não consiga a compreensão do evento. Sabe-se vivo, pleno de sentimentos, sentidos alerta, o murmúrio das ondas a bater nas pedras, o cheiro das tochas em chamas, os pés frios balançam no barco, em direção ao teu destino.

A noite é puro ouro, a pele dourada brilhante de óleos aromáticos, cordas puxam o barco por entre pequenos afluentes, como forças  a lhe direcionar pelo iluminados  corredores que vão se estreitando como braços que te abraçam e te carregam por entre  os porões do castelo. Fugitivos  correm agaichados e a luz é turva, tudo se resume a um monte de feno que acolhe os corpos ardentes e bocas sedentas de um sabor desconhecido. Uma procura lenta e cruel como a se provar a extensão real do tempo, a procura dos olhos e a luz da alma a passar mensagens que inundam o ser tensa satisfação, que vibra, a eternidade do ser por inteiro.
O tempo inexiste quando almas renascem, quando mentes despertam, quando o amor acontece, uma flor nasce em sinal de .... começar de novo, sem que exista fim, só começo.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Saturno Quanto Maior Resistência, Mais o Medo é Ameaça


O sábio talvez seja aquele que se aliou ao tempo no meio da vida e juntando passado e futuro, ele somente é um atento passageiro do presente. Sábios, mestres, são poucos. A filosofia Sufi "estar no mundo sem ser do mundo" fala muito dessa contemplação do espírito enquanto a matéria transita pela terra construindo um caminho de peregrino solitário. Falam que Júpiter seria a idade do homem onde ele aprende a usufruir com maior liberdade e leveza dos prazeres da vida, vivência o significado dos valores com maior maturidade e ponderação, as coisas tem mais brilho, pois ele escolhe o de melhor, já cansado da fartura e libertinagem, da euforia e gula, ele vive do que aprendeu.
Saturno é um construtor de ossos, seja desde nosso esqueleto até nossa estrutura ancestral. De onde viemos, nosso papel nessa encarnação como co-participante da reconstrução e evolução do Universo. Ele é o Rei e todos, seus súditos, pois ele detém o poder e determina a construção de seu Castelo. Ele cresce acreditando que conquistará seus objetivos, nem que para isso, abdique de muitas coisas pelo caminho. Suas perdas e fracassos cravam sua carne de marcas profundas, ele as esconde com vestes simples como esconde o ouro retirado das minas. Orgulhoso, esconde suas fraquezas, alimenta uma falsa fortaleza através de um forte controle durante quase toda uma vida. Seu maior medo é cometer erros, ser condenado. Ele tem os pés grossos ao caminha pela terra, consciente de em quem pisa e fere numa revanche, ele precisa dar o troco. Mas ele sabe até onde ir, mesmo que sonhe com mais, seu filho Sol nasce com seus limites traçados e, depende dele próprio o esforço e a luta. Muitas vezes ele lutará a vida inteira e será vaidoso do seu Reino, mesmo que  o Sol ainda se revolte e não compreenda o significado do tempo.
O tempo é como um manto negro que cai sobre suas costas e lhe pesará como um fardo sempre onde houver culpa ou vergonha.

A resistência em admitir seus erros, seus próprios limites, o  incomodo diante da proeza do outro, as dificuldades em admitir a necessidade de mudança, do se adequar, lhe faz se afastar de tudo o que lhe ameace o poder. Suas crenças se enfraquecem diante de um espírito empobrecido pelo medo. Por trás daqueles muros altos, existia um enorme medo em se submeter, tantos joelhos endurecidos na velhice, falam do pisar duro, da ostentação da autoridade,  como meio de afastar aqueles que pudessem lhe derrubar num sopro, bastasse tocar-lhe o coração empedrado a resistir a toda dor auto-imposta, muitas vezes o flagelo era uma auto-afirmação.
O tempo passou e hoje seu corpo murchou, encasquilhado nas juntas, e deformado na forma de lhe mostrar sua necessidade em aprender com a humildade, curvando-se, passando a mirar os pés e a bengala a lhe equilibrar os pequenos passos titubeantes que se arrastam , como parado, estivesse o tempo. Toda emoção resguardada, todo ressentimento é como uma mina que vaza lentamente pelos ossos e os tornam porosos, frágeis, quebradiços, viajando no processo degenerativo, o pó. O medo ainda assombra, seja o da solidão, do abandono, da limitação, pois o medo estanca o corpo, o orgulho não pede ajuda, o cérebro vai se obstruindo e parece que o mundo volta ao do tamanho de uma criança, brigando pela independência e auto-suficiência.

"Sábio é aquele que sabe que nada sabe e, pronto está a aprender ao fim de cada ciclo, podendo então contemplar a vida como um vale fértil diante das quatro estações."