Pensamento

"Onde quer que o homem vá , verá somente a beleza que levar dentro do seu coração" . Ralph W Emerson

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal - Tempo de Reflexão


Papai Noel é uma fantasia que quase  se transformou em Mito quando souberam utilizar a inocência da representação do "bom velhinho" que se dedicava a dar presentes a todas as crianças que se comportassem bem no mundo inteiro. Mas a bomba estourou e o bom velhinho virou um selo de maketagem para se vender presentes. Em algum lugar a fantasia netuniana da generosidade se diluiu e sobraram as crianças espertinhas que usam o "Papai" Noel para exigirem os brinquedos que desejam.
Crianças tem esses dois lados arianos, o egocentrismo de só pensarem no que desejam, sem levar em conta o que podem receber, são criança, e a real disputa com os coleguinhas do colégio, da rua, que choram e esperneiam para terem os brinquedos que os amigos tem.  Haja esquentação de orelha dos pais quando da proximidade do Natal. Pior é que o povo cai na conversa da mídia, se rende aos pedidos insanos dos filhos e gasta o que não tem, como se pudessem saciar a fome dos 365 dias de ausência, seja pelo trabalho, seja pela intensa vida social, que de alguma forma pudessem comprar "felicidade" num carrinho ou boneca e , estivesse ali cumprindo seu dever de pais. 
Eu acho muito interessante essa coisa de se comprar pessoas, algo bem comum ao signo de Capricórnio, sem precisar ser um uso indevido, é simplesmente uma desculpa para as faltas e ausências de um provedor. É uma compensação, uma armadilha na qual a maioria das crianças caem, são tragadas por imensos sacos de presentes , nem terão tempo em brincar com tudo aquilo, no fundo a presença e atenção dos pais seriam de maior proveito no desenvolvimento emocional dessas crianças.

Os pais meio que esqueceram desse pequeno detalhe, que não basta pagar escola cara, dar presente, compra roupa de grife, viagem para a Disney, excursão com os amigos da Escola. É preciso se doar,  mais do que dar sustento, pois a alma de uma criança carece de atenção, amor, proteção e isso se faz com presença e carinho. A família foi para o espaço, o modelo americano da reunião familiar à mesa nas refeições, dos bairros de casas idênticas, a escola do bairro. O sonho americano não se encaixou nesse país tropical, onde ainda se ganha menos para se trabalhar menos, se trabalha para sustentar as contas, os sonhos exibicionistas, onde se escolhe profissão pelo que menos irá se esforçar e puder ter um diploma fácil.
Mas é Natal e vale sim viver parte do que ainda existe do bom velhinho dentro de nós, a generosidade na lembrança dos que nos são caros, na reflexão de toda essa algazarra de consumismo, quase como uma negação da realidade. É uma frustração de todo mundo querer mostrar o que não tem, salvo os raros que se dão as mãos e se unem em oração antes da grande ceia farta, a agradecer por tudo que ganhou do universo.
Um Natal cheio de paz, amor e esperanças de renovações para o futuro.!
Beijos
San

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A Individualidade - Liberdade Uraniana


Venham até a borda, ele disse.
Eles disseram: Nós temos medo.
Venham até a borda, ele insistiu. 
Eles foram. Ele os empurrou...
E eles voaram.


Tudo na vida tem um preço, tudo precisa de um movimento, uma adequação para que haja uma mudança, algo que crie o novo. A vida é um processo cíclico, nascemos e continuamos a viver graças à nossa atitude diante da vida. Respirar é preciso, é preciso oxigenar  as células, renovar, fazer brotar novas instâncias que movam e mantenham o corpo-mente em contínuo trabalho. É preciso mais do homem, é preciso amor à vida, auto-preservação e num mesmo limiar, lá no outro extremo, o desejo de voar mais alto, de crescer, ampliar seus horizontes.
Quem somos nós  é uma eterna pergunta nesse mundo de caos onde somos grãos de areia frente a infinitude do universo e o massacre do poder pela sobrevivência. O homem diante da guerra por ser um "alguém", ele busca roupagens, títulos, acúmulo de valores, ele busca materializar sua identidade através do que faz, do quanto há em retorno de reconhecimento por parte do povo, da comunidade. Quanto maior é sua insegurança, mais é precisará provar sua identidade, mas ele se aprisiona às maquinações, acordos, crediários, modismos que a sociedade impõe e ele acredita que para ser parte dessa comunidade enlouquecida, precisará fazer das tripas, coração, e assim ser participante da roda da vida.
 Não é à toa que  Urano acontece na vida das pessoas, a princípio como um terrorista ou demolidor , talvez haja necessidade desses abruptos movimentos, que destroem as muralhas construídas como defesa  e acintosamente erguidas como forma de poder. O homem termina por se esconder por trás de tantas camadas de maquiagem, de tantas representações simbólicas com as quais ele projeta sua identidade, que termina numa impessoalidade total, onde seu rosto nada reflete de verdadeiro que lhe vai na alma. Ele caminha por entre os transeuntes e inconsciente da realidade que o cerca, seja pelas fortes correntes de crenças que o aprisionam a não questionar sua própria verdade, seja pelo limbo que se vai acumulando nas vidraças de sua janela, onde seus olhos já não alcançam a alma do seu próximo, a opacidade do cristalino minimiza o alcance, distorce os perfis delicados que traduzem emoções e sentimentos. Há um medo dentro de si mesmo de ter que "sentir", se tornar frágil à medida que  se aproxima dessa porosidade humana e antes que sua estrutura se "contamine", ele coloca distanciamento, e segue incólume pela calçada, sem nem mesmo se dar conta do belo que o rodeia em meio ao caos.
Um dia a tsunami bate à sua porte, invade sem pedir licença, indunda sua vida, carrega para longe toda a sua segurança, mistura todo mundo numa poça só, brancos, negros, pobres, ricos. Num minuto você está nú em meio aos destroços, sentindo-se mais um "fragelado", ou seja, o que restou de tudo o que de alguma forma de diferenciava de teu semelhante.
É... a vida é uma escola na qual a gente entra para aprender e não sabe no que sai formado ou formatado, tudo dependerá exclusivamente de nós, assimilar corretamente o ensinamento e usá-lo adequadamente. Essa é a diferença entre aquele que se esconde sob falsos muros de valores e o que busca a si mesmo, a construir seus próprios valores frente ao que lhe são impostos e manipulados pelos que de alguma forma são seus heróis-bandidos.
A diferença é que o caminho da individuação quase sempre acontece na vida através de uma ruptura, de um cotidiano descontinuo que te faz pensar no que era e no que agora destroçado, precisará ser renovado. Seja a busca pela felicidade ou realização profissional, seja pela auto-suficiência e liberdade de ser somente "você" de dentro para fora. O custo é alto, há uma necessidade de esvaziamento, do corte dos elos, de laços que limitam teu crescimento. É um caminho de certa solitude, de desapego sem no entanto haver desconecção, um propósito de transformar o individualismo egóico do "salve-se quem puder" no perseverante caminho da experimentação, renovação e a vida se tornando um carrossel de ondas que te levam no céu e de faz galopar pelo deserto no seu cavalo alado, onde essa liberdade é a união de todas as possibilidades, desde que você ouse ir mais além.