Pensamento

"Onde quer que o homem vá , verá somente a beleza que levar dentro do seu coração" . Ralph W Emerson

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Segredos Guardados N'Alma

Eu sou até quem desconheço que irá se transformar dentro de mim.
Sou pequena, miúda diante do espaço, tenho medo de me jogar e não saber donde que vou parar. Gosto mais de ir "tateando" percebendo meu caminho. Rastejo pelos esconderijos de quando fui herói, o controle do corpo, o silêncio era ouro.Nessas vindas, vivi pouco, aproveitei menos ainda as oportunidades.  Restaram as lembranças esporádicas, o conhecimento e uma grande certeza aqui dentro de mim: Sou ainda mais do que acredito, quanto mais me olho, mais me encontro. Essa gama de experiências por vezes viaja em de'jà vu, um som, perfume, uma paisagem, estou eu de volta, conectando emoções, sensações, nada complexo, só um fio que me une à eternidade.
Eu sou muitas, menina, mulher, homem, velha, cabocla, sou dona de mim, rainha desse palco que é a vida, os vários personagens, as mais loucas histórias saem de dentro de mim. É um baú de memórias vívidas, um poço sem fundo, um túnel do tempo que me faz tão pequena e poderosa ao mesmo tempo. Eu transito nesses céus tal qual uma estrela viajante, sem horizonte, só nascente, o poente é transitório, um mágico piscar de olhos, e lá vou eu!
Eu sou essa terra quente, ardente, o fogo que lambe a mata, que come o que tem pela frente, como se a fome fosse eterna ansiedade, um medo enorme do fim, da inércia, as brasas se fazendo carvão denso e frio. Tanto tenho eu aqui para fazer, tantos desejos que correm pelas minhas veias, que aceleram meus coração, dão palpitação, tanto para dar, criar, trocar, como m o r r e r ? Quero ser eterna conscientemente, nasci para virar estátua, resistir aos ventos e tempestades, que venham os dinossauros, sobreviverei, mesmo que só, mas podendo me visitar.
Eu sou um eterno lago no meio de uma enorme floresta, rodeado de cheiros de mato, de flores, pássaros. Fico morgando no sol, olhando as montanhas lá longe. Sou vale fértil, são reflexo do meu interior, translúcida ao Sol e lamacenta ao entardecer. Gosto dessa minha casa onde me abrigo, me protejo dos curiosos invasores, daqueles que indignados, tentam me quebrar. Riscam minha superfície espelhada, quebram seus próprios rostos, resta a vergonha que desfigura aquelas mentes maldosas e frustradas, com faces distorcidas tais quais seu desamor. Minhas águas viram mágoas, criam círculos diante das pedras que me jogam, mas minha profundidade é maior e minha dor se desfaz no fim, me cubro imóvel de folhas do outono, engano a todos com meu capuz de bruxa, só meus olhos os vêm.
Sou devastação, vazio perfeito diante desse todo enevoado que me envolve, me traga para dentro de mim. Mais perto de mim me descubro, sou plena consciência, mais viva diante dessa minha imensidão. Me alimento do espaço que cavo fundo e me conecto à minha alma perdida, a resgato a cada noite, a cada olhar perdido, a cada insight, sonho, percepção aguda dessa que sou eu no íntimo. Alguém que quer mais da vida, quer se libertar dos próprios limites, que me protegem e me impedem de crescer, de ser tantas ao mesmo tempo, sem precisar  se esconder mais.