Pensamento

"Onde quer que o homem vá , verá somente a beleza que levar dentro do seu coração" . Ralph W Emerson

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Diante do Nada, Existe o Meu Mundo Interior


Pensava eu como um insignificante grão de areia durante aquelas crises devastadoras que arrancava de mim tudo o que possuía como verdade e nua num deserto eu ficava. Um enorme vazio, um gosto amargo na boca e uma enorme estagnação emocional pelo choque.  Talvez seja minha Lua em Terra - Capricórnio, que a princípio congela, estanca a dor, afastando-a, colocando-a de lado, talvez junto venha minha Vênus pisciana que tende a levar longe essa agonia do sentir e dura o tempo que precisar até se extinguir.


O deserto é um bálsamo para aqueles que sofrem com o orgulho, o silêncio que sopra o que negamos ouvir no turbilhão do cotidiano, os que se protegem em torres por trás de muros altos, vozes autoritárias, rigidez e uma fortaleza aparente, digo aparente, pois ela existe como uma armadura de um cavaleiro romântico. Ao se despir a alma solitária é aquela seguida por sua eterna cúmplice, sua sombra. Uma realidade versada numa dupla cobrança dos erros e de onde houveram falhas que a puseram a vagar pelo imenso deserto. Nessa vastidão  existe uma beleza única, um movimento natural das dunas que se movem ao sabor do vento e em harmonia com a lua do sol. Ali nossas pegadas são passageiras, nada ali existe para sempre, tudo mutável, tudo passível da desordem emocional.
Por algum tempo serão as faltas a reclamarem no seu corpo, depois serão as noites, eterna escuridão, a criar fantasmas, a imaginar oásis, mas o Sol - o Deus Hélio, traz consigo a verdade com sua luz, e em algum momento sou um simples grão de areia nesse imenso universo de iguais, porém, à medida que me ajoelho e me deito nesse chão, meu corpo percebe seus contornos, a pele macia a ser acariciada pela brisa, como se fossem véus a me cobrir a pureza da alma. Eu me volto sobre meus próprios pés descalços e me dou conta de quem sou diante do nada metafórico, se foram pedaços de mim, cá dentro de mim, existe um oásis, meu mundo interior.

Dentro de mim sou nascente, botão em flor, desejo, ânsia, espírito que cresce, que jamais desiste de "morrer" à mingua,  diante da maldade humana, no confronto com a mesquinhês e a ganância daqueles  fracos e carentes de dignidade. Hoje, a dimensão que tenho de minha pessoa é menor do que há 30 anos, quando eu erguia o queixo e nos meus saltos 10, abusava da onipotência como espada. Usei do amor como curativo nas minhas feridas, cultivo meu oásis em pleno deserto e não deixo que contaminem minha nascente de águas transparentes. Sou minha verdade doa a quem doer, minha dignidade está em continuar sendo quem construí de mim, continua a cultivar flores pelo caminho, para nunca esquecer de que ainda posso ser exemplo do bem.

3 comentários:

  1. Nossa que lindo isso:

    Usei do amor como curativo nas minhas feridas, cultivo meu oásis em pleno deserto e não deixo que contaminem minha nascente de águas transparentes.

    Adorei!

    bjos

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  2. Minha rica *.*

    Desertos...
    O legal de se nele chegar é que se aprende a ver o que é necessário, e quem é quem. A sede nos faz ter que encontrar fontes ocultas, e não esperar tanto a sorte de uma chuva, é preciso escavar a areia. Isso, achar um poço é cavar sentindo abaixo. Rumo ao nosso interior. Até que nos saciamos da nossa própria fonte de água cristalina...


    Belo texto.
    Deserto foi tema de 90% dos blogs que gosto. Coincidência?


    Pois é.


    Beijundas

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  3. E ontem ainda tecias comentários sobre esse cenário infinito e pleno de um silêncio que preenche.

    Beijokas

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