A gente anda, anda, anda e nem sempre se dá conta de todos aqueles elos que se uniram à nossa corrente durante a vida, muitas vezes só o fazemos quando estamos lá no túnel do tempo-espaço da partida para uma outra dimensão. Olhamos para trás e, como um filme, vemos nossa jornada e os que dela participaram. Eu, como sou uma pessoa que tem como valor o passado, o que já fui para me validar em como sou,gosto de olhar para trás e mesmo, observar a mim mesma no caminho da vida. Tenho tanto a agradecer aos que passaram por mim, atravessaram meu caminho, me guiaram. Uns lembro que foram junto, minha mãe, que devo à vida e a sobrevivência, tudo que me ensinou para que eu pudesse ser sua continuação, meu pai, que mesmo ausente, me deu seus genes que hoje me sustentam frente às mudanças, sem eles eu teria padecido de orgulho. Nessa travessia eu tive uma infância solitária, muita revista em quadrinho, romances de jornaleiro,colegas de escola, alguns professores que ficaram para sempre como exemplo de quem eu seria hoje. Os amigos a maioria temporários, raros os fiéis,mas cada um a seu tempo me deu oportunidade de conhecer um novo mundo descrito por eles. Houveram os do acaso, os médicos, terapeutas, profissionais que partilharam de seu saber, me curaram, apoiaram, me sacudiram e me fizeram despertar para uma nova pessoa.
Muitas vezes me vi diante de encruzilhadas, para mim fases difíceis, momentos de escolha sempre foram solitários e com muito medo de errar. Nem sempre acertei no alvo,mas sempre fui de tirar o melhor da moral da história. Se foi dor, aprendi com ela, se realização, cumpri com minha missão. Acredito muito na sincronicidade da vida, na integração do micro ao macro, o homem em busca de si mesmo como um aprendiz a lapidar seu perfil de acordo com as experiências vividas através de suas próprias escolhas. Então, tudo que se põe no nosso caminho, tem um função, como também aquele que encontramos em cada esquina, que de certa forma, em dado momento, nós os acolhemos como personagens reais em nossa caminhada, fizemos deles presentes na nossa vida.A gente anos e anos não enxergando aquilo que não faz parte do mundinho que construímos, daí podemos concluir que quanto maior for nossa amplitude e disposição para o novo e desconhecido, maior será nossa adequação e integração a esse mutante universo. É preciso andar para frente, é preciso se colocar na vida de verdade, muitos andam na aba dos outros, nem aproveitadores são, são sim acomodados, "covardes" diante do esforço de crescer,amadurecer,se validar para se comprometer. Metemos os pés pelas mãos várias vezes na tentativa vã de ir pelo caminho mais fácil, de negar os limites, de desviar das bifurcações em prol de não tomar decisões.
Rodamos em círculos, fugimos da reta final, muitas vezes preferimos perder a ter que competir, morremos de MEDO do castigo divino, da palmatória do mundo, da língua ferina dos maledicentes. Temos pavor da rejeição,da não-aceitação, nosso super-ego é nosso melhor árbitro, preconceituoso, rígido, punitivo. Aqueles que encontramos pela estrada, aos quais nos unimos por "n" carências, que invariavelmente tendem anos usar e abusar. Enquanto nos posicionamos sem definir limites próprios de nossa identidade, somos passíveis de invasões, abusos, admoestações, injúrias, até mesmo nos deixarmos destruir por esse tipo de energia sugadora e molestadora, sempre pronta a se aproveitar de nossas ranhuras emocionais. Muitas vezes a imaginação é fértil e os fantasmas se divertem nesse nosso mundão imaginário, cheio de dragões, megeras, lacraias, serpentes venenosas, invariavelmente o medo existe exatamente como delimitador do limite de cada um. Fazemos do medo o tamanho que desejamos, sofremos por antecipação,morremos antes de câncer, do coração, da anestesia. Estamos sempre à mercê de todas as possibilidades que nossa mente constrói, principalmente as negativas. Nos deixamos levar pelo manto da negatividade, da dita magia negra, do poder que corrompe, submete, mata, aquele que sobrevive à custa do medo e da ambição do homem. Ele existe, indiscutível, mas ele não é a única opção, somos mais do que o que acreditamos ser.
Somos a magia do amor, este estado de plenitude do êxtase do "estar vivo", somos abençoados pela divina oportunidade de ser feliz,sentir tantas emoções, sermos co-participantes desse universo, de conviver com a natureza,de crescer, criar, procriar, ser alguém em constante transformação.Somos LIVRES para ser quem quisermos, a escolha é nossa, independente de nossa origem,nosso ambiente, nossa história. Várias histórias contam o que foi exceção de uns poucos, pode ser nossa determinação em fazer diferente. Muitos dos que cruzam nossa estrada são mensageiros de esperança, são mãos que nos dão colo, que nos colhem num abraço, são vozes a nos ditar canções de amor, que nos ensinam a tolerância, são companheiros, perfeitos "anjos-da-guarda" a nos salvar dos infortúnios,a nos fazer acreditar mais uma vez. através de sua conduta
Nada mais agradável do que podermos seguir em frente em paz,no nosso ritmo, procurando nadar contra a maré alta, desviar das pedras no caminho,mas continuar faça chuva, faça sol, perseguir nossos sonhos e acreditar: "Somos o que fazemos de Nós". Não se esqueçam, estamos em eterna construção, somos falhos até para podermos compreender muitas coisas, mas sempre temos oportunidade de reavaliar e resignificar o que não mais nos é útil e nos faz sofrer, deixar ir pela correnteza e reconstruir um novo caminho,quem sabe saltar de uma cachoeira? risos ....
"para lá deste quintal era uma noite que não tem mais fim"
ResponderExcluirAgora eu era herói, era bedel , era juiz e pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz"
Esse é um trechinho da música João e Maria de Chico Buarque que esbarrou em meu comentário aqui para você.
Se eu fosse dialogar com esse naco da canção eu diria que agora eu sou um sinal, um gatinho preto, ou uma imagem refletida no lago. Sou o seu texto para dialogar com ele. Diria para a canção que nesse quintal eu cruzei com uma pessoa maravilhosa que não tem medo de ser tudo que passou para ser tudo que virá e que se coloca de verdade nas coisas. A melodia retrucaria que falava de fantasia de ser mas que retratava ,na verdade, essa vontade íntima e interna de ser e ao mesmo tempo corresponder ao mandamento da vida-oportunidade que é ser feliz.Ela retrucaria, sim ,mas eu nem daria ouvidos a ela para te dizer que neste caminho de criança meu coração entende o seu .
beijos amiga
Sá, seu texto me fez pensar e ao mesmo tempo me identifiquei muito com as coisas que vc escreveu aí. Eu tb procuro tirar lições do passado pra entender como cheguei até aqui e pra onde vou a partir de agora, acho isso importante para seguirmos adiante em paz, crescendo e evoluindo.
ResponderExcluirA melhor coisa que se deve fazer é tirar o que pudermos das lições que a vida nos da...
ResponderExcluirNão podemos voltar no tempo mas podemos suspirar por momentos bons e procurar não errar como no passado.
bjos
Minha Querida
ResponderExcluirOs teus textos fazem-me pensar sempre... e não é que enfiei alguma carapuça? "Sofrer..por antecipação" Uso e abuso e não me corrijo... e já eram horas,não?
Algumas frases deste belissimo post...copiei...a ver se entra na minha cabeça dura...
Beijocas
Graça
E não há de ver mesmo que a gente tem a obrigação de ser feliz.
ResponderExcluirTemos a faculdade de ser livres, mas ser livre não inclui evitar a felicidade.
Ah! sofrer por antecipação então, é uma burrice.
San, em um comentário no meu blog vc se refere a um pps. Manda pra mim: ruimorel@ibest.com.br
Tudo de bom pra voce-Rui.