O sábio talvez seja aquele que se aliou ao tempo no meio da vida e juntando passado e futuro, ele somente é um atento passageiro do presente. Sábios, mestres, são poucos. A filosofia Sufi "estar no mundo sem ser do mundo" fala muito dessa contemplação do espírito enquanto a matéria transita pela terra construindo um caminho de peregrino solitário. Falam que Júpiter seria a idade do homem onde ele aprende a usufruir com maior liberdade e leveza dos prazeres da vida, vivência o significado dos valores com maior maturidade e ponderação, as coisas tem mais brilho, pois ele escolhe o de melhor, já cansado da fartura e libertinagem, da euforia e gula, ele vive do que aprendeu.
Saturno é um construtor de ossos, seja desde nosso esqueleto até nossa estrutura ancestral. De onde viemos, nosso papel nessa encarnação como co-participante da reconstrução e evolução do Universo. Ele é o Rei e todos, seus súditos, pois ele detém o poder e determina a construção de seu Castelo. Ele cresce acreditando que conquistará seus objetivos, nem que para isso, abdique de muitas coisas pelo caminho. Suas perdas e fracassos cravam sua carne de marcas profundas, ele as esconde com vestes simples como esconde o ouro retirado das minas. Orgulhoso, esconde suas fraquezas, alimenta uma falsa fortaleza através de um forte controle durante quase toda uma vida. Seu maior medo é cometer erros, ser condenado. Ele tem os pés grossos ao caminha pela terra, consciente de em quem pisa e fere numa revanche, ele precisa dar o troco. Mas ele sabe até onde ir, mesmo que sonhe com mais, seu filho Sol nasce com seus limites traçados e, depende dele próprio o esforço e a luta. Muitas vezes ele lutará a vida inteira e será vaidoso do seu Reino, mesmo que o Sol ainda se revolte e não compreenda o significado do tempo.
O tempo é como um manto negro que cai sobre suas costas e lhe pesará como um fardo sempre onde houver culpa ou vergonha.
A resistência em admitir seus erros, seus próprios limites, o incomodo diante da proeza do outro, as dificuldades em admitir a necessidade de mudança, do se adequar, lhe faz se afastar de tudo o que lhe ameace o poder. Suas crenças se enfraquecem diante de um espírito empobrecido pelo medo. Por trás daqueles muros altos, existia um enorme medo em se submeter, tantos joelhos endurecidos na velhice, falam do pisar duro, da ostentação da autoridade, como meio de afastar aqueles que pudessem lhe derrubar num sopro, bastasse tocar-lhe o coração empedrado a resistir a toda dor auto-imposta, muitas vezes o flagelo era uma auto-afirmação.
O tempo passou e hoje seu corpo murchou, encasquilhado nas juntas, e deformado na forma de lhe mostrar sua necessidade em aprender com a humildade, curvando-se, passando a mirar os pés e a bengala a lhe equilibrar os pequenos passos titubeantes que se arrastam , como parado, estivesse o tempo. Toda emoção resguardada, todo ressentimento é como uma mina que vaza lentamente pelos ossos e os tornam porosos, frágeis, quebradiços, viajando no processo degenerativo, o pó. O medo ainda assombra, seja o da solidão, do abandono, da limitação, pois o medo estanca o corpo, o orgulho não pede ajuda, o cérebro vai se obstruindo e parece que o mundo volta ao do tamanho de uma criança, brigando pela independência e auto-suficiência.
"Sábio é aquele que sabe que nada sabe e, pronto está a aprender ao fim de cada ciclo, podendo então contemplar a vida como um vale fértil diante das quatro estações."
Gosto de pensar que saturno nos torna sabios, sabios por que o sofrimento ensina, a solidao ensina, que a fragilidade quando reconhecida se torna uma forca, que ao nos limitar podemos criar bases mais fortes para alcancarmos novos limites enfim, com saturno temos que dar um passo de cada vez e verificar se podemos dar o seguinte.
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