Venham até a borda, ele disse.
Eles disseram: Nós temos medo.
Venham até a borda, ele insistiu.
Eles foram. Ele os empurrou...
E eles voaram.
Tudo na vida tem um preço, tudo precisa de um movimento, uma adequação para que haja uma mudança, algo que crie o novo. A vida é um processo cíclico, nascemos e continuamos a viver graças à nossa atitude diante da vida. Respirar é preciso, é preciso oxigenar as células, renovar, fazer brotar novas instâncias que movam e mantenham o corpo-mente em contínuo trabalho. É preciso mais do homem, é preciso amor à vida, auto-preservação e num mesmo limiar, lá no outro extremo, o desejo de voar mais alto, de crescer, ampliar seus horizontes.
Quem somos nós é uma eterna pergunta nesse mundo de caos onde somos grãos de areia frente a infinitude do universo e o massacre do poder pela sobrevivência. O homem diante da guerra por ser um "alguém", ele busca roupagens, títulos, acúmulo de valores, ele busca materializar sua identidade através do que faz, do quanto há em retorno de reconhecimento por parte do povo, da comunidade. Quanto maior é sua insegurança, mais é precisará provar sua identidade, mas ele se aprisiona às maquinações, acordos, crediários, modismos que a sociedade impõe e ele acredita que para ser parte dessa comunidade enlouquecida, precisará fazer das tripas, coração, e assim ser participante da roda da vida.
Não é à toa que Urano acontece na vida das pessoas, a princípio como um terrorista ou demolidor , talvez haja necessidade desses abruptos movimentos, que destroem as muralhas construídas como defesa e acintosamente erguidas como forma de poder. O homem termina por se esconder por trás de tantas camadas de maquiagem, de tantas representações simbólicas com as quais ele projeta sua identidade, que termina numa impessoalidade total, onde seu rosto nada reflete de verdadeiro que lhe vai na alma. Ele caminha por entre os transeuntes e inconsciente da realidade que o cerca, seja pelas fortes correntes de crenças que o aprisionam a não questionar sua própria verdade, seja pelo limbo que se vai acumulando nas vidraças de sua janela, onde seus olhos já não alcançam a alma do seu próximo, a opacidade do cristalino minimiza o alcance, distorce os perfis delicados que traduzem emoções e sentimentos. Há um medo dentro de si mesmo de ter que "sentir", se tornar frágil à medida que se aproxima dessa porosidade humana e antes que sua estrutura se "contamine", ele coloca distanciamento, e segue incólume pela calçada, sem nem mesmo se dar conta do belo que o rodeia em meio ao caos.
Um dia a tsunami bate à sua porte, invade sem pedir licença, indunda sua vida, carrega para longe toda a sua segurança, mistura todo mundo numa poça só, brancos, negros, pobres, ricos. Num minuto você está nú em meio aos destroços, sentindo-se mais um "fragelado", ou seja, o que restou de tudo o que de alguma forma de diferenciava de teu semelhante.
É... a vida é uma escola na qual a gente entra para aprender e não sabe no que sai formado ou formatado, tudo dependerá exclusivamente de nós, assimilar corretamente o ensinamento e usá-lo adequadamente. Essa é a diferença entre aquele que se esconde sob falsos muros de valores e o que busca a si mesmo, a construir seus próprios valores frente ao que lhe são impostos e manipulados pelos que de alguma forma são seus heróis-bandidos.
A diferença é que o caminho da individuação quase sempre acontece na vida através de uma ruptura, de um cotidiano descontinuo que te faz pensar no que era e no que agora destroçado, precisará ser renovado. Seja a busca pela felicidade ou realização profissional, seja pela auto-suficiência e liberdade de ser somente "você" de dentro para fora. O custo é alto, há uma necessidade de esvaziamento, do corte dos elos, de laços que limitam teu crescimento. É um caminho de certa solitude, de desapego sem no entanto haver desconecção, um propósito de transformar o individualismo egóico do "salve-se quem puder" no perseverante caminho da experimentação, renovação e a vida se tornando um carrossel de ondas que te levam no céu e de faz galopar pelo deserto no seu cavalo alado, onde essa liberdade é a união de todas as possibilidades, desde que você ouse ir mais além.
Renovacoes nunk saum faceis, algumas vzs nos sentimos incapazes de realiza-las.
ResponderExcluirEu ando me sentindo um pouco assim... sem chances de renovar.
Qnto a assumir sua individualidade, fora dos padroes, minha personalidade sempre foi essa e, msm qndo tentei reprimir isso e viver como "os normais" vivem, naum consegui. E o custo disso sempre foi e continua sendo alto. Minha sinceridade mtas vzs eh confundida com crueldade, naum obedecer determinadas regras me torna sempre o "vilaum" da historia, mas enfim... eu prefiro ser autentico do q um simples fantoche nas maos de um sistema falido por natureza.
Meu anjo, tem selo pra ti na Cela.
Bjos!
Ahhh.....adooooro Urano !!! E o meu conjunto ao DESC eh massa !!! hahahahahaha
ResponderExcluirSan....vim agradecer ao comentrio no meu blog e dizer que volto em Marco de 2010. Ta pertinho !!! A data ainda estou para decidir e mandar para a agencia. Vamos ver se consigo ficar te dia 26 de Marco.
Beijosssssssss
A vida é uma escola onde a gente entra para aprender...quanta verdade!
ResponderExcluirE nunca se chega ao fim da aprendizagem...cada dia há coisas novas a acontecer...
Gostei do teu texto que afinal, é o caminho de todos nós!
Um beijo e bom fim de semana.
Graça
Boas Festas de Natal e Ano Novo, vividas na maior harmonia e paz.
ResponderExcluirUm beijo
Graça